Um estudo recente da Bain & Company revela que o Brasil está à frente na adoção de inteligência artificial (IA), superando mercados como Estados Unidos e Europa. Enquanto apenas 35% dos consumidores americanos e europeus relatam usar IA, 62% dos brasileiros já a utilizam, quase o dobro da média internacional.
A principal motivação para essa adoção é prática: 64% dos entrevistados afirmam que a tecnologia facilita tarefas do dia a dia, e 55% acreditam que ela cria novas oportunidades profissionais. Além disso, 49% dos usuários brasileiros consideram que os benefícios da IA superam seus riscos potenciais.
Lucas Brossi, sócio da Bain e líder da prática de IA na América do Sul, destaca: “A IA generativa pode transformar a experiência do cliente e melhorar processos no varejo, mas seu impacto depende de uma estratégia de dados bem estruturada.”
Outro dado relevante indica que 18% dos brasileiros usam ferramentas de IA com frequência, mostrando uma adaptação rápida mesmo em comparação com economias mais desenvolvidas.
Perfis de usuários
O estudo identifica dois perfis entre os usuários de IA no Brasil. Os “entusiastas” (19% do total) usam a tecnologia várias vezes por semana, focando em produtividade, solução de problemas e suporte em atividades como escrita e pesquisa. Já os “usuários ocasionais” (12%) utilizam a IA principalmente para aprendizado ou lazer.
Brossi observa ainda uma tendência: usuários mais ativos costumam recorrer a dispositivos inteligentes com IA incorporada, como óculos e wearables. Nos EUA, apenas 5% dos adultos tinham esse tipo de equipamento no fim de 2024, mas a projeção indica que esse número deve quadruplicar até o fim de 2025.
Principais usos e barreiras
Entre os usos mais comuns no Brasil estão pesquisas rápidas, assistência na escrita, criação de conteúdo, edição de imagens e recomendações de compra, integrando cada vez mais a IA ao cotidiano digital. Muitos brasileiros já interagem com a tecnologia sem perceber, por meio de chatbots, assistentes virtuais e corretores automáticos de texto. Cerca de 32% demonstram interesse, mas ainda hesitam devido à insegurança ou desconhecimento.
Apesar da liderança brasileira, obstáculos à adoção plena permanecem. A maior barreira é a falta de confiança em compartilhar dados pessoais (47% dos não-usuários). Outros desafios incluem sentimento de despreparo (44%) e medo de substituição profissional (40%). Esses fatores reforçam a necessidade de educação digital e comunicação clara sobre a IA.
Segundo a Bain & Company, a familiarização crescente com tecnologias integradas ao dia a dia deve impulsionar ainda mais a adoção, especialmente se as interfaces forem intuitivas e acessíveis.